Análise Hertzberger
Olá amigos, estou aqui pra publicar sobre minha análise sobre o livro do Hertzberger, , eu particularmente gostei muito de fazer esse trabalho, porque foi muito pro lado de ser um arquiteto e analisar o percurso e reparar e agora temos que fazer uma intervenção no percurso, gostei muito dele, e, nesse trabalho tínhamos que analisar um trajeto conforme os conceitos desenvolvidos por Hertzberger no livro "Lições de Arquitetura". Meu grupo foi composto pela Luísa, pela Júlia, pela Miriã, pela Rafaelly e por mim.
TRAJETO
O nosso trajeto começa na Praça 7 de Setembro, segue pelo calçadão leste da Rua dos Carijós, converge na Rua Espiríto Santo, segue na Av. Afonso Pena no sentido para o Parque Municipal até o lote triangular entre a avenida, a Rua dos Tamóios e a Rua Bahia. Então, passamos pela galeria da passagem Y e seguimos pelo Viaduto Santa Tereza, findando o percurso na Serraria Souza Pinto.
PRIMEIRO TRAÇADO URBANO DE BELO HORIZONTE
Nota-se, pelo traçado, a grelha citada anteriormente. Pela perspectiva de Hertzberger, a organização da cidade por uma grelha se dá pela necessidade de ordenar o desenvolvimento dela, já que muitas cidades são formadas organicamente e resultam em um estado de desordem. Nesse sentido, o ordenamento funciona como uma espécie de grade e o desenrolar da cidade se daria por meio de uma essência organizacional semelhante a um projeto, em que a estrutura pré-estabelecida é respeitada. Contudo, é equivocado dizer que essa estratégia é opressiva, uma vez que o preenchimento das quadras é desenvolvido de maneira diferente com o passar das épocas, escalas e características do local. No exemplo de Belo Horizonte, isso é acentuado no loteamento destinado a essas grades, por exemplo, no início da construção da capital, a cidade foi dividida em algo semelhante a setores, como setor comercial, próximo as linhas ferroviárias, o setor nobre mais acima, onde ficavam as residências de alto padrão e a catedral municipal, e o setor dos principais equipamentos da cidade, como escolas e hospitais. No entanto, com as diferenças históricas e do público que habitou a região em diferentes épocas, tivemos a dissolução desses setores e hoje vemos na região central de Belo Horizonte uma mistura de comércios, residências, órgãos públicos, entre outros. Podemos, então, chegar ao conceito da Urdidura e Trama, em que, a grade seria a Urdidura, e as mudanças ocorridas no uso e detalhamento dos prédios que preenchem a grade seriam a Trama, ou seja, essa estrutura é flexível quanto ao detalhamento de cada sítio.
PRAÇA SETE DE SETEMBRO
Todo esse contexto, foi dado para que pudéssemos chegar ao nosso primeiro ponto do trajeto, a Praça Sete de Setembro. Temos, em suma, que ela foi desenhada por Aarão Reis no final do século XIX, o local já se chamou Praça Doze de Outubro. Mas, em 1922, o nome Praça Sete de Setembro tornou-se oficial, em função das comemorações do centenário da Independência do Brasil.
ESTRUTURA DA PRAÇA SETE DE SETEMBRO
O aspecto aéreo observado na fotografia, ocorre devido a um tipo comum de esquina no sistema de grelha, em que é possível observar oito fachadas diagonais, que ampliam cada intersecção, formando a Praça Sete de Setembro e propiciando um alívio diante da monotonia das ruas e avenidas compridas.
Nesse sentido, há oito construções que circundam a praça, em cada um de seus pontos. Os edifícios têm uma conformação triangular que acompanham à malha urbana e a disposição deles dirige a atenção para o centro da praça, o qual está localizado o Obelisco da Praça Sete de Setembro. A maioria dos oito edifícios que circundam a Praça Sete, possuem muitos vidros em suas fachadas, o que é bom pois aumenta o contato de quem está dentro deles com o exterior. Outro fator é que a fachada de alguns dos prédios antigos do entorno da Praça Sete de Setembro supõe uma organização interior dividida em diversos setores, no entanto, não são assim por dentro, reduzindo as fachadas a uma mera decoração urbana. Ademais, a falta de “intervalos” entre a portaria deles e a rua compõe uma demarcação rígida entre as áreas com diferentes demarcações territoriais.
O OBELISCO DA PRAÇA SETE DE SETEMBRO
O obelisco da praça Sete é um marco comemorativo dos 100 anos da independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. O monumento foi lançado em 7 de setembro de 1922, na confluência das avenidas Afonso Pena e Amazonas, local considerado o marco zero da cidade.
As diferenças de níveis, presentes no monumento, são “apossadas” em diversas situações no cotidiano. Na apropriação mais comum, as pessoas se sentam em sua base, normalmente grupos de amigos, para dialogar, o que cria um contraste em meio a grande movimentação existente no local todos os dias. Em outras situações, como protestos, os níveis mais altos servem como palco, para que a multidão ouça os apelos do grupo que reivindica algum direito, ou seja, representantes do grupo, sobem até o degrau mais alto da estrutura e fazem um apelo ao público diverso para que seus direitos sejam garantidos. Já em comemorações, como o carnaval e futebol, a praça é tomada por multidões que se divertem ouvindo as marchinhas carnavalescas ou comemorando a vitória de seu time.
O ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO AO REDOR DA PRAÇA
Os corrimãos que circundam a praça, além de sua função principal de evitar acidentes, servem como apoio para mercadorias, como um local para as pessoas se apoiarem enquanto esperam o sinal abrir, como um local para apoiar bicicletas, dentre outras funções, ou seja, são uma forma polivalente, que possibilitam diversos usos sem a necessidade de mudar a estrutura original.
O calçadão leste da Rua dos Carijós é um trecho exclusivo para o trânsito de pedestres. Ele representa uma boa articulação entre o espaço público e o espaço privado por meio dos comércios que utilizam a rua para colocar mesas e cadeiras. Nessa situação, podemos ver a relativização entre público e privado e como isso muda a percepção do usuário sobre a responsabilidade de manutenção desses lugares.
RUA ESPÍRITO SANTO
No quarteirão da Rua Espírito Santo é possível observar outros aspectos que se relacionam com o livro. Ao falar do espaço habitável entre as coisas, Hertzberger chama atenção para as irregularidades da cidade que ganham novos usos e articulações através da vivência cotidiana. Assim, qualquer superfície plana disponível tende a ser usada como bancada, apoio, assento ou encosto, explorando ao máximo as possibilidades de uso desse espaço. Contudo, ele também diz que, muitas vezes, esses novos usos cotidianos desagradam e, por isso, são desenvolvidas maneiras de evitá-las, o que seria a chamada Arquitetura Hostil, ainda que ele não use essa expressão no livro. Isso pode ser observado na seguinte superfície no cruzamento entre o calçadão e a Espírito Santo.
VIADUTO SANTA TERESA
O Viaduto Santa Tereza é uma estrutura polivalente, pois, sem necessidade de grandes alterações ou modificações, pode acomodar várias funções. Além de dar passagem ao fluxo de veículos, ele também pode servir de ponto de encontro para manifestações e suas muretas, muitas vezes, são apropriadas informalmente como assentos e apoios. O grafite, muito comum no viaduto e na parte inferior dessa estrutura - em frente a serraria -, é um exemplo de demarcação por parte dos usuários desta área aos olhos dos outros. Dessa maneira, a arquitetura é usada como um instrumento de afirmação da identidade dos usuários, no caso, muitos rappers e jovens, haja vista que várias competições de rap acontecem debaixo do viaduto.
SERRARIA SOUZA PINTO
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